Da paisagem ao território: A montagem no cinema de Patricio Guzmán como elemento de transformação do espaço
Resumen
O artigo analisa os filmes Nostalgia da luz (Nostalgia de la luz, 2010), O botão de pérola
(El botón de nácar, 2015) e A cordilheira dos sonhos (La cordillera de los sueños, 2019) do
cineasta chileno Patricio Guzmán. Investiga o sentido produzido por estes documentários
sobre violência de Estado quando a paisagem é colocada em tensão com arquivos e
testemunhos – da ditatura do general Augusto Pinochet (1973-1990), de povos autóctones
da Terra do Fogo, de trabalhadores de minas no deserto do Atacama –, argumentando que
a paisagem chilena, a partir deste tensionamento com os arquivos e com testemunhos,
adquire a condição de território, com todas as disputas de poder e de memória inerentes
a ele, deixando de ser mero ornamento ou mero cartão postal. Conclui que o cronotopo
poético tecido por Patricio Guzmán pode ser capaz, ainda, de transformar a paisagem em
testemunha de camadas de tempo.